Saturday, August 16, 2008

18 de Agosto de 2006 (parte 2)

De seguida, a viagem continuou para uma pequena vila à beira mar onde pela primeira vez tive a oportunidade de provar a culinária árabe. Dotada de um intenso cheiro a especiarias, e nem sempre de aspecto reconhecível, provei alguns pratos típicos da região, maioritariamente de carne.
Com uma bonita praia de areia dourada banhada pelo Mediterrâneo de cor azul turquesa, este era um sítio muito concorrido não só pelos locais mas também por alguns (poucos) turistas.
Uma das coisas que achei piada e que me fazia constantemente relembrar que me encontrava num país com uma cultura muito diferente da nossa, era à forma como as pessoas andavam vestidas na rua. Apesar da temperatura muito alta que se fazia sentir, acentuada pela taxa de humidade, o vestuário dos locais era intrigante. Os homens até podiam andar de camisa e t-shirt, mas sempre com calças vestidas, enquanto que as mulheres, não surpreendentemente, andavam vestidas com a tradicional burca. No entanto, quando chego à praia…bem, vejam a fotografia e espantem-se por vocês mesmos.

(Sim viram bem! Mesmo para ir ao mar as mulheres vão completamente tapadas! - correcção: já reparei que a fotografia não ilustra bem o que acabo de dizer, mas acreditem que havia mesmo muitas mulheres com a burca vestida, dentro de água!)

O dia continuou com a chamada “visita de reconhecimento da zona”, tendo prosseguido para um muito bonito cemitério fenício, mesmo apesar da sua utilidade e o seu propósito (eram mortas crianças em favor de um ritual).

Prosseguimos viagem para as famosas ruínas da antiga cidade romana de Cartago. Bem sei que história e ruínas não são bem o meu forte, mas devo dizer que o que resta da cidade de Cartago é absolutamente impressionante! Se lá estivesse o Obelix diria “esses romanos são malucos!”

(Vejam as cores! O contraste do verde com o azul do Mediterrâneo e a cor alaranjada das ruínas - fantástico! Não usei qualquer tipo de programa para tratar a imagem!)

Para terminar o dia em beleza, nada melhor que uma incursão naquilo que há de mais tradicional nesta cultura: os famosos souks ou medinas! (mercados). A zona velha da cidade de Tunis é um enorme e labiríntico mercado onde somos aconselhados a não sairmos de uma das duas principais ruas que atravessam todo o mercado, pois o mais provável é perdermo-nos, tal é a confusão, e irmos parar a zonas perigosas para turistas.

Assim, seguindo as indicações do nosso guia, acompanhados sempre do guia da American Express que havíamos comprado, partimos à aventura e à descoberta do souk de Tunis. Lá dentro encontra-se de tudo à venda: de comida a roupa, passando por bijuteria, música, animais vivos, artefactos em ouro acabadinhos de esculpir, pinturas, máquinas fotográficas, aparelhos de música, tapetes, gaiolas, perfumes, malas, chapéus, as famosas xixas (ou charutos de água), dos mais diversos tamanhos, feitios e cores, e mais uma miríade de coisas expostas todas juntas, em ruas minúsculas completamente atafulhadas de artigos para venda e um mar de gente a caminhar em todos os sentidos, sempre ao som de música tradicional árabe a inalar constantemente o cheiro às mais diversas especiarias e a sermos constantemente bombardeados por vendedores que nos tentavam impingir as mais diversas coisas, tentando meter conversa connosco em francês ou espanhol ou até mesmo num português esforçado (Eusébio, Benfica, Lisboa, bacalhau!).

Caso se quisesse comprar alguma coisa ter sempre em mente a seguinte regra: regatear é absolutamente obrigatório! Aliás, se não o fizermos, levam a mal! Assim, o vendedor lança um preço inicial em dinares (sempre exageradíssimo, naturalmente, tendo em conta a duvidosa qualidade da maioria dos produtos que ali se vendiam) e então o que tínhamos de fazer era recusar o preço e propormos nós outro preço que o vendedor recusava e propunha ele novo preço (abaixo do preço dele mas acima do nosso). Nós recusávamos este preço, dizíamos que era muito, e dizíamos que não pagávamos mais do que x (lançávamos agora um preço inferior ao que tínhamos proposto originalmente) e se fossemos persistentes conseguíamos convencer o vendedor, e assim se traziam artigos com “descontos” de 80 e 90%!


(entrada da cidade velha)

(algures dentro da Medina)

(o caos!)

(um verdadeiro artista!)