Sunday, January 06, 2008

Como o tempo passa...

Foi em 1998 que se deu aquela que é considerada pelo BIE, a entidade responsável pela eleição das cidades que acolhem as exposições temáticas, como a melhor exposição mundial temática de todos os tempos.
É verdade, foi à 10 anos atrás que a Expo'98 veio mudar a cara de uma cidade e projectar o nome deste país à beira mar plantado.
Bem me lembro desses tempos em que a minha terna idade não me trazia preocupações algumas, e tudo à minha volta me parecia grande, gigante.
Subordinada ao (a meu ver) fascinante tema dos "Oceanos: Um Património para o Futuro" a última exposição mundial do século XX revolucionou a forma como os portugueses se auto percepcionavam.
Reabilitar toda uma zona considerada morta não foi certamente tarefa fácil, mas o desafio estava assumido: Lisboa iria acolher o evento da mais alta importância que até então se havia realizado em Portugal.
As dimensões do projecto eram enormes: construir um novo espaço na cidade de Lisboa, um espaço jovem, verde e bonito, apoiado por inúmeras infra-estruturas, não só de saneamento básico, mas também de transporte, comunicações, comércio e (posteriormente) habitação.
Depois de alguns percalços, que naturalmente existiram durante a concepção do plano e posterior construção do espaço, a 22 de Maio de 1998 a exposição que maior número de participações recebeu (155, entre países e entidades governamentais, de desporto, entre outras) abriu as portas.
Quem não se lembra das intermináveis filas de espera para entrar no Oceanário ou no Pavilhão da Realidade Virtual?
E do espectáculo a 3D retratando o desovamento das tartarugas, elaborado com a última tecnologia disponível vinda do Japão?
E à meia noite, o espectáculo audiovisual e pirotécnico que se erguia bem no meio da água, dentro de um enorme balão? (Acqua-Matrix)
E os constantes espectáculos de animação de rua com aqueles seres estranhos e (pelo menos para mim, nessa altura) medonhos?
E o Pavilhão da Água, o de Macau, o de Portugal ou o do Futuro?
E a correria dos "putos" (eu incluído) pavilhão dentro - pavilhão fora, só para carimbar o passaporte, nem se preocupando em ver minimamente o espaço em si? (mas também, de que isso me interessava se dois segundos depois não me lembraria do que lá tinha visto...o que queria era mesmo o carimbo)
E o simpático mascote, o Gil?
E o ar de contentamento presente na cara de todos os que visitavam aquele espaço e que, já de madrugada, a casa chegavam, completamente exaustos, mas com a sensação de ter tido um dos melhores dias da sua vida?
Ao todo foram 132 dias de festa e 11 milhões de visitantes de todos os cantos do mundo.
Desde então, Lisboa nunca mais seria a mesma.
Infelizmente não há maneira de regressar no tempo e resta-nos apenas relembrar com saudade, os bons velhos tempos de infância.

A música oficial, de nome Pangea, o nome do super-continente pré-histórico de onde derivaram os actuais continentes, misturava sobre guitarras portuguesas e uma base sinfónica de cariz épico muitas e díspares sonoridades reminiscentes dos quatro cantos do mundo, cada vez que a ouço ainda hoje me causa arrepios e uma sensação de melancolia.

Imagens que nunca nenhum português esquecerá, de um tempo em que toda a gente sentiu orgulho no seu país.

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