Tuesday, April 29, 2008

18 de Agosto de 2006

Às 07:00 horas da manhã o telefone toca indiciando que se trata do despertador. Levanto-me e apronto-me para ir tomar o pequeno-almoço. Desde miúdo que viajo e uma das coisas das quais tenho mais curiosidade é em ver o que o hotel nos reserva para a primeira refeição do dia.
Dou uma volta e deparo-me com pequenas delícias: pãezinhos frescos, croissants dignos de qualquer pastelaria francesa, geleias dos mais variados sabores, sumos de fruta frescos, leite de camelo, e frutas várias, especialmente melancia…muita melancia!
Seguindo um pouco o conceito do “coma tudo quanto puder”, enchemos os estômagos até mais não, pois já sabemos que a próxima refeição não virá assim tão cedo.
A saída do hotel está marcada para as 09:00 e, como bom português que sou (e que me iria revelar ao longo de toda a viagem) sou a ultima pessoa a chegar junto do autocarro (o que andei a fazer? Isso agoraaa!)
Primeira parte do programa de manhã: visita ao Museu do Bardo. Regra geral não sou pessoa de ficar especialmente entusiasmado com a ideia de me enfiar num museu quando ainda nem conheço a cidade, e esta visita não foi excepção: o museu, apesar de reunir a maior colecção de azulejos do mundo, não me impressionou, e eu estava muito mais entusiasmado com o ponto seguinte do programa. Depois de visitar o museu saímos à rua e fomos rodeados de vendedores que tentavam vender de tudo um pouco, desde água a bijutaria, passando por postais e óculos de sol.
“13 Dinar!” por uma garrafa de água (de loucos!) “5 Dinar!” por um postal (deves estar cheio de sorte) pensava eu.
De autocarro, seguimos viagem até a uma pequena vila que se assemelha, em dimensões e na importância que tem a nível de turismo, à vila de Sesimbra. A vila tem o nome de Sidi Bou Said e tem uma arquitectura tipicamente árabe: casas baixinhas caiadas de branco, com o tecto em abobada (que parece ajudar a manter o ambiente dentro de casa fresco, visto que o ar quente sobe).
A vila está completamente orientada para o turismo, vendo-se nas ruas bancadas que fazem lembrar os mercados das cidades árabes.
O sol ia alto e o calor era imenso. A localização da vila na costa do mediterrâneo fazia com que os valores de humidade fossem altos, elevando o nível de desconforto térmico para um nível a que aqui em Portugal não estamos habituados, conclusão: andar sempre com uma garrafa de água atrás!
Nesta zona do planeta é costume dos seus povos beber muito chá, alegando que o chá quente é uma bebida refrescante e que tira a sede. Estavam uns 35C, não corria uma aragem que fosse e chá quente não era de forma alguma a bebida com a qual andava a sonhar, mas “what the heck” pensei; “se estou aqui é para aproveitar” e assim foi. Pedi o chá típico da região: chá de menta com pinhões. O chá vinha de forma quente que foi difícil pegar na chávena, mas não valia a pena esperar que ele arrefecesse pois eu, à falta de mais lugares, tinha-me sentado à esplanada, ao sol. Bebi o chá e devo dizer que foi dos melhores chás que alguma vez provei na minha vida.
A lógica de beber chá quente com um calor abrasador é muito simples: sendo a bebida quente, vai fazer subir a temperatura corporal, e quando isto acontece o corpo humano transpira, sendo que a transpiração é uma resposta natural do corpo humano ao calor, servindo quase como um “ar-condicionado”, e devo dizer que, caso este pressuposto que me foi dado a conhecer esteja certo, então eu confirmo: funciona às mil maravilhas.


Vendas em Sidi Bou Said


O Mediterrêneo


Casa de chás


Sidi Bou Said

Monday, April 07, 2008

17 de Agosto de 2006

Pelas 20 horas embarcamos num voo da Tunisair rumo a Tunis.
Primeira surpresa da noite: tínhamos bilhetes reservados em classe turística mas viajamos em executiva, o que nos valeu uma refeição reforçada com bebidas à descrição e algum entretenimento a bordo extra. O voo decorreu de forma muito tranquila e deixamos Lisboa com um tempo fresco e algo ventoso.
Duas horas e meia mais tarde, ao aproximarmo-nos do aeroporto, começamos a perder altitude e o avião sobrevoa a cidade de Tunis – vejo nas ruas as luzes dos poucos carros em movimento e à medida que perdemos altitude vou vendo com maior clareza os edifícios e as pessoas nas ruas. Tenho gravada na minha memória a imagem da baixa de Tunis vista do céu – prédios de vidro com todo o lettring escrito em árabe, com as ruas ladeadas de palmeiras, e as pessoas a passearem nas ruas. “WOW coisas escritas em árabe! Lindo! Não percebo nada do que lá está escrito! Cheguei a outro continente!”
O avião continuou o seu percurso rumo ao aeroporto e momentos depois aterra.
“Mesdames et Monsieurs soyez bienvenus à Tunisie, nous avons arrivés à l’aeroport de Tunis-Carthage”



Foi-nos dito que a hora local era 00:30, uma hora a mais que em Lisboa, e que a temperatura exterior era de 27C. Saímos para o aeroporto por uma manga e verifiquei que este era um edifício antigo, mas bem restaurado. Lá dentro, apesar da hora, via-se muita gente, muitos turistas principalmente. Passámos pelo posto de controlo dos passaportes onde me puseram um engraçado carimbo com o desenho de uma palmeira, e de seguida fomos levantar as malas para daí irmos ter com o responsável da agência de viagens que havíamos escolhido para viajar.

Na sala das chegadas via-se muita gente empunhando papéis com nomes de pessoas, países, cidades e agências de viagens. Procuramos, e lá estava o senhor que nos iria acompanhar na semana que se seguiria – era o senhor Bouzide (penso que é assim que se escreve), um senhor árabe simpático, muito moreno, sorridente e que falava o português quase na perfeição.
Enquanto se esperava pelo resto da “trupe” (excursão) decidi ir dar uma volta pelo aeroporto, e aquilo que vi deixou-me surpreendido – o tecto e as paredes eram pintados a ouro!

Momentos depois, mal saí do aeroporto, fui imediatamente envolto por um bafo quente e húmido. Sim, húmido. Segunda surpresa da noite – eu que associava o norte de África ao deserto esperava tudo menos um ar húmido, mas a verdade é que a taxa de humidade era altíssima, e não soprava uma aragem que fosse. Fomos levados até ao autocarro que nos guiaria ao nosso hotel. Felizmente o autocarro era moderno e tinha ar condicionado.

Ficamos instalados no hotel de 4 estrelas Mercure - El Mechtel, bem no centro de Tunis, e quando lá chegamos, terceira surpresa da noite: eram quase 2 da manhã, mas tínhamos um dos restaurantes abertos com comida à descrição para que nos pudéssemos servir (como devem imaginar, não fiz cerimónia) – pratos ocidentais e árabes (que confesso não cheguei a provar nessa noite), tudo ao som de música árabe, com vista para um bonito jardim muito bem arranjado. No fim do jantar, tal era a minha ânsia de descobrir o mundo novo ao qual acabara de chegar, não me fui deitar logo, mas fui antes passear pelos jardins do hotel, que tinham também um bar com esplanada ao ar livre, e uma piscina com ar tentador.
A noite estava de facto muito quente e a vontade de ir para a cama não era grande, mas tinha de ser, na manha seguinte o acordar era às 7hrs da manhã.

Saturday, April 05, 2008

Diário de uma viagem - Prólogo

O que se segue é uma espécie de diário de uma das melhores viagens que já fiz na minha vida.
As descrições poderão parecer às vezes um bocado enfadonhas de tão pormenorizadas serem, mas o que é facto é que me entusiasmo bastante a falar da viagem, pelo que peço desde já desculpa por algum texto menos interessante. Vou acompanha-los sempre que possível de fotografias que tirei e que ilustrem aquilo a que me refiro.
Desafio-vos a entrarem nesta viagem comigo: aos que lá estiveram comigo para que a possam recordar; aos outros, é para que possam também viajar para lá, com a vossa imaginação.

Benvindos e boa viagem.

Dois anos volvidos, e a saudade é muita. Uma cultura diferente, exótica mesmo, com gentes estranhas e hábitos fora dos nossos padrões europeus. Tudo ali é fora do vulgar: desde as vestes dos locais que andam nas ruas, até à arquitectura, desde a língua até ao alfabeto, desde a luz até às cores e cheiros que abundam nas ruas.
São cidades de tamanho razoável, em que o caos é dono e senhor.
Se consideram o trânsito em Lisboa caótico, que dizer dali… Se consideram Lisboa desorganizada e desordenada (que é, de facto) esperem até ver o que ali se vai encontrar – casas térreas em cimento, com as fundações ainda à vista para que quando haja dinheiro se poder continuar a construir a casa, junto de casas com dois ou até mesmo 3 andares pintadas e bem arranjadas, tudo isto no meio de prédios de hotéis e escritórios.
Deparei-me, sem que tal me tenha causado espanto, que as ruas eram poeirentas e sujas, onde as gentes de simpáticas tinham pouco.

O centro histórico da cidade é um espanto – o souk é um autêntico mercado ao ar livre, onde em ruas à lá Bairro Alto (mas mais estreitas e muito mais labirínticas) se vende de tudo: roupa, joalharia, comida, música, bebida, souvenires, animais, gaiolas, etc.
Estou a falar da cidade de Tunis, capital da Tunísia, e este é o mundo árabe – um mundo distante do nosso, que não deixa ninguém indiferente.

ترحيب إلى تونس